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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O CORPO DE CRISTO (3): As esferas de uma espiritualidade coletiva (PARTE 2)


Refletimos na semana passada sobre uma esfera da espiritualidade coletiva, ou seja, a espiritualidade da igreja, e vimos que ela deve ser construída, edificada no tempo que se chama hoje.
Voltando ao texto de Ageu 1, encontramos outros ensinamentos a respeito de nossa vida espiritual.
Podemos então, a partir do texto, entender que:

2º UMA ESPIRITUALIDADE COLETIVA...
II – NOS RESPONSABILISA COM O PRÓXIMO:
“Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica desolada?”
Ageu 1.4

Não dá para pensar só no material e esquecer o espiritual. Os judeus estavam cuidando casas individualmente, mas estavam deixando o templo destruído. A espiritualidade nos uni. Somos todos responsáveis pela reconstrução do templo. Somos todos responsáveis pelos outros. A prática da admoestação.
a.       Geralmente negligenciamos a nossa espiritualidade - É possível estarmos tão comprometidos com os nossos afazeres que nos esquecemos do templo do Senhor. Facilmente nos esquecemos de nossa vida espiritual. Achamos que o mais importante é conservarmos nossas casas, nosso trabalho - isto não deve ser desprezado -, contudo a vida material não está separada da vida espiritual. O ser humano é matéria, mas também é espírito.
Segundo o verso 06 (seis) de Ageu capítulo 01 (um), vemos que os judeus estavam com seu foco de vida apenas nas coisas materiais. O profeta transmite “Tendes semeado muito, e recolhido pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para o meter num saco furado”.
Os judeus semeavam muito, mas isto não era suficiente. Comiam, mas não era suficiente. Bebiam, mais não era suficiente. O salário não era suficiente. O esforço deles não era suficiente, pois a vida espiritual deles não estava saída.
Segundo o e verso 09 (nove) vemos que parece que as expectativas dos judeus também estavam equivocadas. O profeta diz “Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu o dissipei com um assopro. Por que causa? diz o Senhor dos exércitos. Por causa da minha casa, que está em ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à sua própria casa”. A expectativa estava equivocada por que a espiritualidade deles não estava sadia. Mas há o contraponto. Há aqueles que querem viver uma religiosidade mascarada de espiritualidade e deixam de vivenciar as questões práticas da vida. Deixam de cuidar do material. Jesus advertiu os fariseus que viviam uma religiosidade longe da realidade humana Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los. (Mateus 23.3-4). Por isso podemos dizer que a espiritualidade deve ser vista em suas diversas esferas, pois está conectada com as esferas da vida humana.
b.      É preciso vivenciar a prática da admoestação – Uma das esferas da espiritualidade que é desprezada nos dias de hoje é a admoestação. Admoestar é aconselhar, advertir, censurar, repreender com brandura. Características importantes desta prática:
a.       Não se encaixa na mente do ser humano de hoje, pois o que se prega é “cada um no seu quadrado”.
b.      É um ensinamento bíblico.A palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações”.  Colossenses 3.16.
c.       É responsabilidade de todos. Mateus 7:1-5.
1        Não julgueis, para que não sejais julgados.
2        Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.
3        E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?
4        Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
5        Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão.
d.      É fruto do discipulado. Mateus 18:15-18
15  Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão;
16  mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada.
17  Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano.
18  Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu.

3º UMA ESPIRITUALIDADE COLETIVA...
III – EXIGE UMA ATITUDE COLETIVA.
“Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me deleitarei, e serei glorificado, diz o Senhor”.
Ageu 1.8
Toma a atitude de reconstruir sua vida espiritual. A vida espiritual da igreja. Cada um fazendo a sua parte. Cada um colocando um bloco na parede. Cada um desenvolvendo a edificação da igreja.
a.       A espiritualidade requer atitude do indivíduo – “Sobe e pega a madeira”, ou seja, faz a tua parte. Muitas vezes ficamos na igreja cantando: “Leva-me além, leva-me além, a um nível mais profundo de intimidade contigo oh Senhor!”, mas não fazemos nada.

                                                 i.            É preciso armar a tenda. Moisés foi um homem que teve um relacionamento face a face com Deus (Ex 33.11), mas ele teve que aprender a se dirigir à tenda para se encontrar com Deus. Moisés ia para a tenda constantemente se encontrar com Deus. A tenda é nosso momento de comunhão com Deus. Todos os pequenos homens e mulheres que foram grandemente usados por Deus mantinham um momento regular com Deus. Teodoro Roosevelt disse que “nós podemos adorar a Deus em qualquer tempo e lugar, mas nunca conseguiremos isto sem antes aprendermos a adorá-Lo num lugar reservado e num tempo específico”. É um desafio para as igrejas de hoje a motivação para a prática de uma espiritualidade coerente. O mundo que vivemos leva-nos a uma vida onde a eficácia é a necessidade primária. Temos dificuldades em buscar a rotina de orações, uma vez que o mundo cada vez mais nos torna imediatistas. Sempre que vamos fazer alguma coisa logo perguntamos o que vamos fazer com isto. Frei Betto afirma que a institucionalização da igreja privou-nos do princípio da contemplação, uma vez que quando pensamos em Deus nossa cabeça já se enche dos inúmeros conceitos e discursos doutrinários que nos são apresentados. A busca por uma espiritualidade se torna um desafio uma vez que, como Betto alerta, “sabemos falar de Deus, sobre Deus e até falar com Deus. Mas somos analfabetos quando se trata de deixar Deus falar em nós[1].

                                               ii.            É preciso praticar nossa espiritualidade: Com assim praticar a espiritualidade? Sim! Praticar aquilo que cremos. Praticar aquilo que pregamos. Quando Jesus advertiu o povo a não seguir as atitudes dos fariseus, mas sim seus ensinos em Mateus 23.3Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam, Ele não estava dando desculpa para a hipocrisia, pelo contrário Ele estava chamando o povo para a prática. Jesus não estava legitimando a atitude dos fariseus, Ele estava dizendo que a hipocrisia deles não justificava a nossa. Isso é maturidade.
b.      A espiritualidade é uma convocação para todos – O trabalha da reconstrução do templo não era um trabalho para ser feito sozinho.
                                                 i.            O convite foi anunciado para o governador, para o sacerdote e para todo o povo: Diz Ageu Então Zorobabel, filho de Sealtiel, e o sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, juntamente com todo o resto do povo, obedeceram a voz do Senhor seu Deus, e as palavras do profeta Ageu, como o Senhor seu Deus o tinha enviado; e temeu o povo diante do Senhor”.  Ageu 1.12. Há uma convocação: Vai e pega a madeira. Vai e faz a tua parte. Hoje precisamos levar a sério nossa responsabilidade de seguir Jesus, de ter intimidade com Deus, de ser orientado pelo Espírito Santo e de peregrinar com os salvos. Mas isso não dá para ser feito sozinho. Quem acha que a liderança da igreja é a responsável pela edificação da igreja está equivocado. Todos somos responsáveis. Todos temos a responsabilidade de edificar o templo do Senhor que é a igreja.
                                               ii.            Nossa obediência como ato de fé demonstra nosso temor a Deus:  O temor é demonstrado como conseqüência da obediência do povo. Dietrich Bonhoeffer, em seu livro “Discipulado”, vai afirma que “só o crente é obediente, e só o obediente é que crê”[2]. Para Dietrich só obedece aquele que crê. Desta forma o ato de reconstruir o templo foi um ato de obediência que foi conseqüência da fé, da crença, do temor que eles tiveram de Deus. Bonhoeffer ainda afirma que “é preciso dar um primeiro passo de obediência, para que a fé não se transforme numa auto-ilusão piedosa”[3]. Em nossa vida cristã somos convocados à obediência com ato de fé. Siga Jesus. Tenha íntima comunhão com Deus Pai. Ouça a voz do Espírito e caminhe com a igreja. Isto tudo se faz como ato de obediência em fé.

4º UMA ESPIRITUALIDADE COLETIVA...
IV – NOS POSSIBILITA DEPENDERMOS DO SENHOR.
“Então Ageu, o mensageiro do Senhor, falou ao povo, conforme a mensagem do Senhor, dizendo: Eu sou convosco, e diz o Senhor.”
Ageu 1.13

Quer reconstruir? O Senhor é convosco!
O Senhor Deus pergunta ao povo:
2.3 Quem há entre vós, dos sobreviventes, que viu esta casa na sua primeira glória? Em que estado a vedes agora? Não é como nada em vossos olhos?
2.4 Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te, sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e esforçai-vos, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos exércitos,
2.5 segundo o pacto que fiz convosco, quando saístes do Egito, e o meu Espírito habita no meio de vós; não temais.
a.       É preciso se esforçar porque o Senhor é conosco – O Senhor promete ao povo que o novo templo teria uma glória maior do que a primeira. Podemos entender isto não que a presença de Deus agora seria maior por que o templo foi melhor construído. Podemos aludir a Duas coisas.
                                                                   i.            A vida Cristã é um processo: Os judeus passaram por experiências e os fizeram crescer. A cada invasão, a cada exílio os judeus tiveram oportunidades de descobrir novas faces de Deus. Assim não é diferente conosco. Posso dizer que “Em um momento de minha vida me deparei com Jesus Cristo, me converti. Pensei que isto era um fato pontual, me enganei. Graças a Deus! Hoje percebo que ando diariamente com a possibilidade de encontrá-lo novamente, tenho buscado. E cada vez que o encontro vejo que tenho que me converter mais uma vez, é um processo. Ainda bem! O ato salvífico é pontual, é fruto do encontro de Jesus conosco e nós com Ele. A Salvação é um processo onde me converto a cada encontro que tenho com Ele. Se quero ter uma vida de constante transformação, devo então criar o máximo de encontros com Jesus Cristo. E por isso digo: quero Senhor me encontrar o tempo todo contigo, sabendo que independente de mim, Tu está sempre comigo.
                                                                 ii.            O Segundo templo é a habitação de Jesus Cristo: Em Ezequiel o templo se torna um tema messiânico. O templo passou a apontar para Jesus. Por isso que o texto afirma que neste lugar seria dado a paz. A plenitude da glória de Deus se encontra na pessoa de Seu filho Jesus Cristo.
b.      Não precisamos temer às adversidades - “O meu Espírito habita no meio de vós”. A presença do Senhor deve ser nossa garantia para todos os momentos de adversidade. Quando trabalhamos para a edificação da espiritualidade da igreja temos o privilégio de vivenciar os livramentos do Senhor. A minha expiriência serve como referência de fé para o meu irmão. A experiência do meu irmão ajuda-me a superar aquilo que estou enfrentando.


CONCLUSÃO
           
            Percebemos hoje que nosso desafio é vivenciar a igreja. A comunidades dos seguidores de Jesus Cristo. Esta é uma atitude que temos que tomar hoje. Precisamos mais do que nunca seguir os passos e os mandamentos de Jesus, buscar uma íntima comunhão com Deus Pai, está atento às orientações do Espírito Santo e caminhar o povo regenerado.
Uma vez que assumimos esta responsabilidade precisamos cuidar de onde está concentrados nossos esforços, nossas expectativas. Cada esfera de nossa vida deve ser cuidada de forma que mantenhamos um equilíbrio. Somos responsáveis pela manutenção da igreja, e por isso além de cuidar de nós mesmos temos que cuidar do nosso próximo. Inclusive admoestando sempre que necessário. Para se buscar uma espiritualidade sadia.
A espiritualidade sadia é fruto de nossa atitude. Atitude que deve nos levar ao coletivo. Não dá para construir a espiritualidade da igreja sozinhos. Precisamos uns dos outros. Assim poderemos desfrutar das manifestações de cuidado do Senhor com cada um de seus filhos.
O Senhor está conosco, é uma promessa feita logo após o povo ter iniciado a obra. Então, como ato de fé, comecemos a reconstruir, construir nossa espiritualidade coletiva.


[1] BETTO, Frei; BOFF, Leonardo. Mística e espiritualidade. 6. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2005. p. 63.
[2] BONHOEFFER. Dietrich. Discipulado. São Leopoldo, Sinodal: 2004. p. 25.
[3] ibid. p. 26.

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